domingo, 22 de julho de 2012

Clave de Sol











Ele é pontual.

A porta se abre, o pulso acelera...
O tempo precisa parar.
A clave de sol é molhada no vinho
Como pretexto, um curto caminho
Para em seus lábios chegar
e satisfazer meu desejo
que tudo comece em um beijo.

E somos um só num abraço
Te juro, 
é tudo que eu faço.
E o que esconde seu jeans
Aos poucos é revelado

E a partir desta hora,
Esqueço o mundo lá fora
Em sorriso, suor e gemido
uma luta intensa consigo  
cuidado e tensão.
Sem saber se é segredo,
Diante do tato, do som, do olfato
Tão terno,
Agora te posso beijar.

No dia seguinte,
Acordo do sonho, sozinha,
Suas escolhas lhe cobram atenção
Sua voz não é mais macia
Não ouço acordes em seu violão
De seus doces lábios,
amarga o vinagre
vê culpa em mim,
acusação.
Não há mais carinho,
não há mais sedução.

Diante da dúvida, fria,
Nossa imagem em espelho
se desfaz e refaz em conselho
Seguir ...
Pois não sou eu.
Nunca foi.
Quem toca seu coração.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

Numa praia qualquer...


                    

















Pétala de rosa desde o céu cairia
Grãos de areia
Em seu corpo eu teria

Com barulho das ondas
nada e ninguém ouviria

Mas a lua invejosa
Traiçoeira, ardilosa,
Com seus raios de luz
Contaria como você me seduz.

E o segredo se espalharia
Pelo mar e por todo continente:
Do amanhecer ao
Sol poente



quinta-feira, 12 de julho de 2012

Afonia














A música saiu da minha vida
E leva consigo todas notas musicais
E não importa qual é o tom,
se o amor é em si bemol,
Em minha escala nunca teve clave de sol,
Não consigo mais cantar.
Silêncio em minha poesia
Que de nada nunca servia
Só rimas tolas e idiotas
Sem sucesso, magia 
ou aplausos até o cansaço
Minha estrela brilha em silêncio em outro espaço





Compasso de espera















E o mundo se mostra
Aos pés deste homem
Que pisa sonatas
De sonhos
Em sol
E em chuva
À procura dos sons
De vida, de gente,
Que invade a mente
Em chance de música
A vir se tornar

E as notas encantam
Balançam no trem
Que desafia a morte
E desfalece e dorme
Ao ouvir o sussurro
Do vento lá fora
Na noite, no escuro
Que brinca com as nuvens
Como uma criança
E traz na lembrança
O corpo de uma mulher.

Em saudade
O pensamento voa
Lutando à toa
Contra o amor
Para a música
Fusa
Confusa
Virar poesia
Em sua estrada vazia
E trazer a luz
Em noite de sol e clave de lua
Rever a silhueta nua
Em breve ou semibreve momento
No primeiro andamento
De qualquer amanhecer



quarta-feira, 11 de julho de 2012

Jeito menino















Como eu gosto
Do seu jeito tão menino,
Seu sorriso tão traquino,
Do seu modo de olhar
Com desejo...
E eu almejo
O seu beijo tão profundo
Num abraço tão intenso
Como se abraçasse o mundo
Que me faz vibrar...
E lembrar com a minha mente insana
O seu modo de tocar os meus seios
Como fina porcelana
E sozinha na cama
Me fazer sonhar...
Com seus lábios
Molhados como pêssego
E sem pensar no perigo,
No proibido,
Deixo à solta minha libido
E entrego meu corpo a este homem
Sem queixar, nem deixar
Que conquiste o meu amor
Pois temo em pensar que a dor
Pode chegar
Quando o sol
O amanhã anunciar

Dividir um homem



















Dividir um homem
Com Anas, Janas e Fulanas
Como se eu fosse um abutre
Esperar em vão
Que ele volte de Beirute...
O que estou fazendo?
O que espero assim?
Que se repita a história
De um amor sem mim?
Que se vá para longe
E que volte intacto
Mas que nossos caminhos
Não mais se cruzem de fato
Abrir minha estrada
Para um maior apreço
Tantos amores enfim
Ter alguém que mereço


Cansei de ser poeta


















Cansei de ser poeta
De amar corações vadios
De querer preencher o vazio
Com frutos da minha ilusão
Cansei de pensar no amor
Quando o amor não é mais uma meta
Nessa realidade concreta
De cimento, dinheiro e ambição
Joguei fora meus sonhos
De refazer o meu ninho
De encontrar o carinho
Em cada peito, escuridão
Os dias de todo reclama
Tentando acender uma chama
Num terreno inóspito
Onde só cresce o ócio, o ódio, o escárnio
sem perdão.


domingo, 8 de julho de 2012

Roubei um beijo






















Um beijo
E por que não?
Só um beijo.
Que pecado cometi
Se roubei um beijo de ti?
E se for condenada
Por esta pequena ousadia,
Me torturem,
Me açoitem,
Me joguem água fria!
Mas se teu corpo ficar novamente
Ao lado do meu,
Fico louca,
Entro em surto
E eu volto a cometer este furto,
Tudo pela tua carne, teu sabor.
Faz de conta que nem preciso do teu amor 


O adeus ao Brasil


                      

                    



       




Agora você já pertence
Aos beijos das castanholas
Nos dedos das espanholas
E deixa para trás
A pinga de Goiás

Vermelho vinho caliente
Na arena o grito ardente
Na noite vagueia
Na terra de sangue e areia

No violão o som do Brasil
Os sonhos no coração a mil
Na bagagem sua vida
Sua coragem

No tapete escuro da noite
Eu rolo meu corpo no seu ao sonhar
O beijo suado e o dente marcado
Que se cometa o pecado
Como um cometa
O êxtase
Saudade no ar.